XIX Congress of the Iberoamerican Society of Digital Graphics, 

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A representação gráfica digital na apresentação de projetos de arquitetura: Um olhar sobre a produção de jovens arquitetos brasileiros
monika stumpp, patricia buffon, julia zecchin costa, rodrigo de assis brasil

Last modified: 2015-08-27

Abstract


INTRODUÇÃO

A representação gráfica é a linguagem que o arquiteto urbanista usa para projetar, comunicando-se com a sua criatividade. É, também, através da representação gráfica, que o projetista expõe o projeto proposto às demais pessoas, clientes e construtores, possibilitando a execução do objeto representado. Nestes termos, percebe-se a importância da representação gráfica para o projeto de arquitetura, que além de transmitir a ideia proposta, a imagem produzida é a própria ideia, o próprio pensamento (STROETER, 1986).

Tradicionalmente, os arquitetos têm se utilizado de lápis e papel, maquetes e fotografias para comunicar seus projetos. Com o surgimento e a evolução da utilização dos recursos computacionais, esses vêm se comunicando através de várias outras formas que vão de imagens foto realísticas e animações tridimensionais à multimídia interativa e realidade virtual. Esse novo paradigma tem gerado diversos questionamentos entre os profissionais e pesquisadores da área em relação às modificações produzidas pelo uso desta nova tecnologia na representação gráfica.

"Há 25 anos, a tecnologia CAD (Computer Aided Design) chegava aos escritórios de arquitetura. Por aquelas datas, a informática era algo acessível a poucos, devido ao alto preço dos computadores, à baixa produtividade que permitiam e por oferecer uma interface pouco atrativa aos profissionais que trabalham com temas gráficos. Além disso, a comunicação entre os diferentes agentes que participam em um projeto arquitetônico ainda se dava de maneira física, presencial (mediante formato analógico, papel) - afinal, até 1989 a World Wide Web não existia. Esses fatores, aliados ao fato de que a indústria da construção civil é pouco propensa a mudanças de sistemas (onde existem riscos), fizeram com que o uso da informática tenha sido introduzido de maneira muito mais lenta do que em outros setores da indústria. Mas a informática, como ciência, começava a despertar interesse também aos arquitetos e designers. (…)Surgia, assim, um novo campo dentro da prática arquitetônica: as inter-relações entre desenho e informática em uma primeira etapa, principalmente no campo da representação gráfica…" (ORCIOULE, 2010).

O aparecimento do computador e das ferramentas de desenho digital permitiu que os arquitetos pudessem materializar novas concepções de projetos. Permitiu também que escritórios de arquitetura e urbanismo utilizassem esses recursos eletrônicos para divulgar portfolios de trabalhos em seus websites.

No desenho digital, a perícia não está relacionada ao traço, mas é associada à maneira de organizar seqüências de comandos e ao planejamento de uma estratégia prévia ao próprio ato de desenhar (Menegotto e Araujo, 2000). “Desenhar com ferramentas digitais significa lidar a todo o momento com dois níveis de informação: informação gráfica, de natureza visual e informação alfanumérica, materializada em uma base de dados que permanece oculta aos olhos.” (MENEGOTTO E ARAUJO, 2000, p. 14).

Diante deste cenário apresenta-se o seguinte questionamento: como as tecnologias computacionais estão sendo utilizadas para a divulgação dos projetos de arquitetura para a sociedade?

Diante de tal questionamentos é apresentado o presente artigo, que integra uma pesquisa em andamento e que tem como objeto de estudo os trabalhos divulgados por 25 jovens arquitetos ou escritórios, eleitos em 2010 como a “nova geração da arquitetura brasileira”. (Editora PINI, 2010). Esse conjunto deveria compor o cenário da arquitetura brasileira nos próximos 25 anos, ou seja, até 2035. A pesquisa tem como objetivo principal construir, por amostragem, um quadro que reflita as práticas de representação gráfica contemporânea no Brasil.

Com isso pretende-se compreender as principais estratégias de representação e comunicação utilizadas, fornecendo subsídios para a reflexão sobre o trabalho do arquiteto de hoje e, consequentemente sobre a formação de arquitetos e urbanistas.

O presente artigo integra a pesquisa ao apresentar um primeiro estudo que envolve a análise dos desenhos de um mesmo arquiteto, no caso o escritório Metro Arquitetos Associados (http://www.metroo.com.br). Objetiva-se investigar, através de análise gráfica e textual, a utilização das ferramentas computacionais na divulgação dos projetos de arquitetura. Pretende-se também identificar as estratégias predominantes nas diversas etapas projetuais.

Esse estudo piloto permitirá testar os procedimentos e instrumentos de pesquisa e se os resultados alcançados permitem atingir os objetivos traçados. Na sequência, serão desenvolvidas as demais análises dos desenhos dos demais arquitetos. Não se pretende analisar desenhos isolados mas um conjunto e suas possíveis convergências.

PROCEDIMENTOS

Com vistas a alcançar os objetivos propostos, o trabalho será desenvolvido através de procedimentos de pesquisa bibliográfica e  documental seguidas de análise.

A pesquisa bibliográfica aborda a prática do desenho nas etapas do processo de projeto, levando-se em conta a utilização de meios digitais. Na pesquisa documental são pesquisados os desenhos dos projetos e obras documentados no site do arquiteto. Os dados levantados serão arquivados onde serão destacados os desenhos; fotografias e os textos relativos aos projetos.

A análise tem como base o estudo dos desenhos constante no site do arquiteto e será realizada por meio de observação e comparação. Os desenhos serão analisados e descritos, gráfica e textualmente, por meio de critérios eleitos para a análise. Num segundo momento serão verificadas similaridades e especificidades entre os desenhos do arquiteto. Serão consideradas também as datas de cada projeto, buscando verificar possível aumento ou diminuição de frequência do uso de alguma técnica de representação.

A análise dos desenhos pode se dar a partir de diversas categorias, como o uso, o conteúdo, o modo de representação, a técnica gráfica e o efeito ilustrativo (SAINZ, 1990; FORSETH, 2004).

Neste trabalho, foram verificados aspectos relativos ao conteúdo (se concepção ou apresentação), ao modo de representação, se bidimensional (planta, corte ou fachada) ou tridimensional (desenhos axonométricos, em perspectiva, vista explodida), e à técnica gráfica, se digital ou híbrido. No caso do sistema ser híbrido verificou-se a ocorrência de desenhos modelado virtualmente com tratamento manual e a  fotomontagem (LEGGIT, 2204; PRUNA, 2009).

Num segundo momento se verifica o modo de representação, buscando reconhecer os softwares utilizados na sua produção e um possível processo de pós-produção.

RESULTADOS

Como resultado deste levantamento apresenta-se a tabulação dos dados relativos a todas as imagens do website do escritório METRO, o que permite a análise estatística e comparativa dos mesmos.

O cruzamento de dados e os resultados estatísticos ainda serão realizados a fim de se identificar a prática de representação mais corrente na divulgação dos trabalhos deste escritório e suas especificidades.

DISCUSSÃO

O estudo piloto permitirá testar os procedimentos e instrumentos de pesquisa. Através dos resultados preliminares será possível verificar se esse tipo de análise atinge os objetivos traçados e permite com que as demais análises possam ser realizadas.

Os resultados preliminares apontam a utilização de ferramentas computacionais de representação gráfica nas etapas de concepção e apresentação. Esboços ou esquemas híbridos também estão presentes. Pode-se observar que os desenhos desse arquiteto apresentam similaridades quanto ao modo de representação, a técnica gráfica e o efeito ilustrativo, demonstrando assim que o arquiteto optou por utilizar a mesma linguagem gráfica para apresentar os edifícios.

Tal fato abre também este campo de investigação e novas hipóteses, a saber: Quais as relações existentes entre o conteúdo e o sistema de representação utilizado? Como as ferramentas computacionais foram utilizadas para demonstrar as etapas do processo projetual?

Para as demais análises fica o questionamento sobre a real articulação entre as ferramentas computacionais com os métodos convencionais de representação gráfica. A representação gráfica contemporânea é caracterizada pela utilização quase que total de ferramentas computacionais ou ainda existem exemplos de articulação entre os dois sistemas.


Keywords


arquitetura contemporânea, representação gráfica, desenho digital

References


FORSETH, K.  Projetos em Arquitetura. São Paulo: Hemus, 2004.

LEGGITT, J. Desenho de arquitetura: técnicas e atalhos que usam tecnologia. Porto Alegre: Bookman, 2004.

MENEGOTTO, J.L.; ARAUJO, T.C. O desenho digital: técnica e arte. Rio de Janeiro: Interciência, 2000.

ORCIOULE, A.. Revista AU, edição 197, Ago 2010.

PRUNA, C. C. Procedimientos para desarrolar El modelo. In Rendering para arquitectos, ed. María 1. Ed. BarcelonaParramón, 2009.

SAINZ, J. El Dibujo de arquitectura. Barcelona: Editorial Reverté, 1990.

STROETER, J. R. Arquitetura e Teorias. São Paulo: Nobel, 1986.


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