XIX Congress of the Iberoamerican Society of Digital Graphics, 

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BIBLIOTECA DIGITAL DE ÁRVORES DE RUA DE CURITIBA: MÉTODO E PRODUÇÃO
GISELE PINNA BRAGA, Alex Franz Wilezelek, Oliver Uszkurat, Jahsun Daher Golding

Last modified: 2015-08-27

Abstract


  1. INTRODUÇÃO

No trabalho do profissional arquiteto, que é intervir no ambiente existente, ele utiliza a representação como principal ferramenta de expressão de suas ideias e propostas.

A representação gráfica digital é uma delas, e requer do profissional o conhecimento de softwares e avanços tecnológicos que agilizem o seu trabalho, uma vez que esse requer produtividade.

No ambiente urbano, as árvores de rua são variadas e apresentam diferentes formas, texturas, cores, volumes e fases.

Hoje em dia, os profissionais do ramo utilizam em seus projetos, em sua maioria, um banco de dados de árvores genéricas, não considerando na representação as especificidades de cada espécie. Por isso, essa representação é feita desconsiderando a espécie em si, mas agrupando características gerais.

Numa situação hipotética de projeto, em que haja a necessidade de representar uma espécie perene, a representação genérica de uma árvore em fase caduca pode trazer equívocos de decisões de projeto.

Outro fato importante, que mostra a necessidade de uma adequada representação ocorre na cidade de Curitiba, onde o apelo às necessidades de conservação e adequação do meio ambiente são rigorosamente praticadas para que espécies coexistam de maneira simbiótica.

O decreto municipal 1181, de 2009, por exemplo, declarou imune de corte 21 árvores contidas no documento, e em segunda instância este número foi aumentado para 43 em sua revogação de 2014.

Sendo assim, estas leis relacionadas ao assunto intervém de forma significativa nas escolhas e determinações de espécies, de modo que sejam respeitados, além de seu valor social, também o seu valor histórico.

Analisando a importância de caracterizar corretamente as árvores a serem implantadas em projetos de arborização urbana na cidade de Curitiba e representadas quando da produção de um projeto arquitetônico, o objetivo deste estudo é, além de criar bibliotecas digitais com as representações específicas de árvores de rua existentes na cidade, desenvolver uma metodologia para criação de seus objetos gráficos. As bibliotecas produzidas podem ser utilizadas por profissionais e estudantes do ramo de arquitetura ou afins na representação de seus projetos, e a metodologia desenvolvida pode ser aplicada para outras espécies de árvores, na produção de novos objetos gráficos.

 

2.  METODOLOGIA

O desenvolvimento do método de criação do acervo digital partiu da premissa de se criar um processo racional que pudesse ser reproduzido por qualquer pessoa com domínio das ferramentas utilizadas. Tal decisão coincide com a preocupação de desenvolver um método que possibilitasse resultados independentes de talentos pessoais de representação e que, ao mesmo tempo não prejudicasse a fidelidade de representação das espécies.

O trabalho de desenvolvimento tomou como base 24 árvores de rua relacionadas no livro ÁRVORES DE CURITIBA (p.70, 2004), que apresenta uma gama de 55 espécies existentes na paisagem curitibana. As espécies deste grupo apresentaram maior relevância para este trabalho, uma vez que estão localizadas em espaços de maior interferência do trabalho do arquiteto. As outras árvores contidas no livro, não menos importantes, estão situadas em parques e locais em que o trabalho do arquiteto ocorre com menor frequência, e por isso não foram objeto de produção deste trabalho.

Uma espécie apresentada no livro, mas que não está contida na lista de árvores de rua é a Araucária, que além de ser um símbolo local, apresenta características singulares e se destaca em vários locais públicos. Por estes motivos optou-se por sua inclusão na lista de árvores produzidas nesse trabalho.

Assim, no total foram 25 espécies que tiveram sua biblioteca gráfica desenvolvida neste trabalho. As bibliotecas criadas foram:

  • Acervo de imagens fotorrealística;
  • Acervo de imagens de caráter de ilustração;
  • Biblioteca de Pinceis (brushes) para Photoshop;
  • Biblioteca de máscaras de silhuetas,
  • Biblioteca de blocos de em CAD, com baixo e alto graus de detalhes;
  • Bloco único “Árvores de Curitiba” em  CAD, com todas as silhuetas das árvores

2.1  Ferramentas utilizadas

A representação gráfica das árvores dependia, além do processo, também da escolha dos softwares utilizados. Para o manuseio de arquivos de imagem foi escolhido o Adobe Photoshop, devido a seu grande potencial com arquivos rasterizados. Já para o trabalho com objetos vetoriais a opção foi pelo Adobe Ilustrator, por ser totalmente compatível com o Photoshop; e o AutoCAD, por ser uma ferramenta de desenho em 2d amplamente utilizada por arquitetos. Além desses critérios de escolha, foi levado em conta os programas disponíveis no laboratório de computação gráfica do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo, infraestrutura disponível para a realização desta pesquisa.

 

2.2  Itens representados e graus de representação

A escolha foi por representar espécies vegetais em elevação, dado ao grande uso em projetos e apresentações arquitetônicas. A facilidade de identificação das características únicas de cada espécie, se comparada com a representação das mesmas em planta corroborou tal decisão.

Os graus de detalhamento foram sintetizados em baixo detalhamento – onde vê-se principalmente a silhueta característica da árvore – e alto detalhamento, onde ficam evidentes características mais específicas como angulação dos galhos, ramos e densidade de folhas.

Os softwares utilizados para produção também influenciaram nos graus e detalhes de visualização; as árvores produzidas a partir de resultados ilustrativos, por exemplo, revelam a tonalidade das folhas e presença de frutos.

 

2.3  Procedimentos realizados

Após a definição da lista de espécies, foi necessário realizar um levantamento fotográfico próprio das árvores, para preservar a autoria de todo o trabalho. No levantamento fotográfico seguiu-se os seguintes parâmetros:

  • Evitou-se fundos com vegetação ou construções com muito detalhes
  • Fotos foram prioritariamente tiradas em dia nublado por volta do meio, para evitar grandes contrastes.
  • Ao tirar a foto posicionou-se a uma distância considerável (ao menos a distância igual à altura da árvore), para não haver distorção.

Com o levantamento fotográfico realizado, recortou-se o fundo usando o Adobe Photoshop e salvou-se em .PNG, para que a transparência fosse preservada. A partir do resultado fotorrealístico finalizado, foi possível importá-lo no Adobe Illustrator para vetorizá-lo nos diferentes níveis de detalhamento desejado; detalhamento mediano classificado como “resultado em modo ilustração”; e detalhamento baixo como “resultado silhueta”.

Para criação da biblioteca de pinceis (brushes), usou-se o resultado em modo ilustração, que nas características que o Adobe Photoshop oferece, é a melhor opção de representação em escalas de cinza.

Para a criação dos blocos em AutoCAD, utilizou-se dois arquivos PNG. previamente produzidos; vetorizou-se cada um individualmente no Adobe Illustrator, a fim de se obter alto e baixo nível de detalhamento. Utilizou-se o modo “Black and White Logo” para alto detalhe e “Silhouette” para baixo detalhamento; os resultados foram convertidos de preenchimento para linhas e exportados em formato DWG.

Os resultados da exportação foram, posteriormente, transformados em blocos no AutoCAD e utilizou-se a ferramenta “Visibility States” para criação de um bloco único com possibilidade de alternância entre seu grau de detalhamento.

A seguir apresenta-se um esquema que exemplifica e organiza os dados citados acima. A partir de uma foto de árvore, aparecem ramificações que direcionam aos resultados.

 

3. RESULTADOS OBTIDOS

Os resultados obtidos foram:

1)    a criação da metodologia de criação das bibliotecas gráficas

2)    acervo das bibliotecas gráficas para as 25 espécies definidas no estudo

 

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos mostram que o objetivo deste trabalho, o desenvolvimento de um método de representação gráfica digital de espécies vegetais, utilizando softwares gráficas, até o momento foram alcançados. Para a criação deste método foi utilizada uma gama de vinte e cinco espécies de rua da Cidade de Curitiba, mostrando que é possível representar distinções peculiares de várias espécies, mesmo em árvores de anatomia muito semelhantes.

O desenvolvimento desta metodologia ainda proporcionou uma biblioteca de representação gráfica para uso de estudantes e profissionais do ramo de arquitetura que precisam utilizar acervo eletrônico de árvores de rua na cidade de Curitiba, sejam elas em novos projetos ou apenas representar os locais nos quais estão inseridas.


Keywords


Biblioteca digital, Árvores de rua, Curitiba, Representação Gráfica Digital

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