XIX Congress of the Iberoamerican Society of Digital Graphics, 

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URBANISMO NA ERA DIGITAL
ronaldo luiz silva, Isabel Cristina Lima, Maria Carolina Mazivieiro, Fernando Toledo Lima

Last modified: 2015-08-27

Abstract


 

 

 

 

 

O objetivo deste artigo é compreender e analisar o procedimento teórico e metodológico contemporâneo de desenho paramétrico no chamado Urbanismo Paramétrico. O foco de interesse do desenho paramétrico não está na forma em si, mas nos parâmetros que as geram, possibilitando uma maior controle durante todo o procestso, visto que essas ferramentas computacionais permitem alterações durante todo o processo. A utilização dessa tecnologia no urbanismo constitui o que é conhecido como Urbanismo Paramétrico [SILVA; AMORIM, 2010]. Assim, como base desse estudo está a investigação de casos onde esse método foi aplicado, assim como a análise das ferramentas projetuais utilizadas nessa metodologia, como a Sintaxe Espacial, que analisa a configuração do espaço e as relações sociais que as formam. Ainda aborda o estudo das conexões urbanas baseadas em formas da natureza e do sistema de menores caminhos.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A partir desta compreensão e da análise de estudos de casos de projetos, pretende-se analisar as vantagens, desvantagens, aplicabilidades e possibilidades desta nova maneira de projetar na escala da cidade, bem como sua aplicabilidade às cidades brasileiras. É importante destacar que este estudo se encontra ainda em fase de desenvolvimento como trabalho de iniciação científica. Este artigo, contudo, procura elaborar as bases teóricas que fundamentam e que sustentam esta pesquisa.

Os avanços computacionais do último quartel do século XX, que permitiram a introdução de novas tecnologias no processo projetual, tornou necessária uma nova maneira de lidar com o método de trabalho de arquitetos e projetistas tradicionais. [KOLAREVIC, 2000]. Consiste na capacidade de produzir informações que possam ser manipuladas digitalmente, e a partir deste ponto, formular análises e simulações sobre qualquer aspecto quantitativo ou qualitativo do projeto, conforme foi demostrado por [MATA, 2013] em sua pesquisa que, entre outras questões, analisou diferentes tipologias de arquitetura digitais, destrinchando a metodologia adotada em cada processo e demostrando como o uso da parametria permite o gerenciamento de informações e a integração entre diferentes disciplinas, em um regime colaborativo de contínuo desenvolvimento projetual. Assim, essa metodologia amplia as possibilidades e soluções referentes a diferentes temas, desde os de caráter mais técnicos como acústica, conforto térmico, estruturas, fluxos, entre outros, assim como elementos relevantes ao projeto, como por exemplo socioeconômicos, espaciais e culturais. Sobre isso, a autora ainda acrescenta que esta prática possibilita uma variedade maior de soluções de um mesmo problema, possibilitando ao arquiteto uma condição mais favorável a experimentação de diversos cenários, “para os projetistas estas tecnologias proporcionam a oportunidade de dispor de outras áreas e responsabilidades, tais como, a captura de dados, avaliação de dados, otimização das soluções e simulação dos resultados planejados”[MATA, pg.11, 2010].

A incorporação de sistemas generativos à metodologia de projeto urbano parece ser mais adequada a complexidade da cidade contemporânea, sobretudo se pensarmos na porção informal destas cidades [RomanO, 2010]. Esse estudo procura identificar ferramentas que podem influenciar positivamente no desenho da cidade, sendo assim os exemplos contidos nesse estudo são complementares para exemplificar as aplicações do pensamento digital no desenho urbano. , “Partindo do pressuposto de que a cidade não é um sistema acabado, mas um organismo vivo em constante desenvolvimento” [ROMANO, pg.02,2010], Elizabetta Romano em conjunto com o arquiteto Giancarlo Tonoli desenvolveu uma pesquisa denominada Código Genético das Favelas. Os autores compreenderam a complexidade destes aglomerados, que se deve ao fato de que todos os elementos que compõem sua morfologia espacial, social, cultural e econômica estão diretamente ligados, promovendo constantes modificações e estabelecendo relações entre seus habitantes.

Ainda nesta linha de pensamento, complementando essa questão dos espaços urbanos, a Sintaxe Espacial, ou Teoria da Lógica Social do Espaço, foi desenvolvida em Londres por Bill Hillier e colaboradores nos anos 1970, na University College London e editada no livro The Social Logic of Space, em coautoria com Juliene Hanson (HILLIER; HANSON, 1984). São fatores de estudo para a Sintaxe Espacial as cidades, a configuração de seus espaços e as relações sociais que as envolvem. Em estudo realizado por Hillier (2007) em Londres entre esses elementos demonstraram uma relação entre ruas com maiores valores de integração, isto é, ruas com maior acessibilidade e alta densidade de desenvolvimento são avaliadas em um ambiente topológico, através de algoritmos para classificar os fluxos no que diz respeito à sua urbanidade ou formalidade. Dessa forma, o conceito topológico é aplicado na Sintaxe Espacial porque lida com o espaço e os fluxos gerados do ponto de vista qualitativo, e não quantitativo. transformações topológicas, primeiramente, afetam a relação de estruturas, e assim, suas formas resultantes.

Por exemplo, se há uma configuração geométrica em particular compreendida de superfícies poligonais, o número de faces, bordas e vértices permaneceriam imutáveis (a topologia não mudaria), mas os formatos (a geometria) seria ajustada impondo-se limites e restrições, causando torções e esticamentos.

Considerando-se a cidade como um sistema complexo, composto por espaços e indivíduos, acredita-se que a cultura seja um dos aspectos relevantes para qualquer proposição sobre o espaço urbano.

No Brasil, essa teoria é defendida pelo professor Frederico de Holanda que tem um extenso estudo sobre os índices de urbanidade (Urb) em análises realizadas na cidade de Brasília, cujos estudos foram publicados em sua obra O Espaço de Exceção. Para Holanda, Brasília representa a cidade formal, segregada e com baixos índices de urbanidade. Sua conclusão se dá através dos mapas axiais, que são malha das vias de uma certa localização em um ambiente topológico que, através de algoritmos e da geração de equações polinomiais, pode identificar se um sistema apresenta barreiras ou permeabilidades ao movimento, que é definido como Movimento Natural por Hillier (1993), cujo padrão poderá definir fluxos de movimento cuja integração propicia mais possibilidades de encontros sociais, entre outros aspectos da Sintaxe Espacial, como conectividade das vias, e identificação de núcleos integradores.

Esse estudo também pretende investigar as pesquisas de Frei Otto, e seus contemporâneos, que relacionam o desenho arquitetônico e urbanístico com as formas e comportamentos orgânicos encontrados na natureza, e demonstra sinteticamente, em processos generativos e com a utilização de algoritmos, a aplicabilidade desses princípios. Como exemplo foram utilizadas as colônias de formigas, pois elas apresentam uma inteligência em grupo e um instrumento biológico, o feromônio. Partindo dos resultados de pesquisas que apontam que as formigas possuem uma baixa capacidade cognitiva, torna-se evidente que apenas uma colônia pode criar caminhos inteligentes, não uma única formiga.

Uma cidade funciona de forma similar onde as necessidades de cada pessoa criam caminhos de sua residência para outro lugar como trabalho, escola, mercado, etc., e dessa maneira podemos relacionar o funcionamento mais simplificado de um formigueiro, onde o objetivo individual se resume a obtenção de alimento, com a complexidade de interesses em uma cidade, com uma enorme variedade de interesses e variações, mas aqui são considerados apenas os interesses mais frequentes e comuns, caminhos feitos diariamente como os caminhos para o trabalho e escola.

RESULTADOS

Como se trata de um estudo gerado originalmente para uma iniciação científica, o resultado esperado está em levantar esses métodos e exemplificar de uma maneira a divulgar o conceito de Urbanismo paramétrico.

 

 

 

 

 


Keywords


PALAVRAS-CHAVE: URBANISMO PARAMÉTRICO, SINTAXE ESPACIAL, FLUXOS

References


 

 

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