Last modified: 2015-08-27
Abstract
INTRODUÇÃO
As cidades têm vivenciado um processo de crescimento sem procedentes nas últimas décadas e o volume de informações necessárias para sua gestão tem ficado cada vez maior. O grau de complexidade da interação desses dados também tem sido um dos principais entraves, principalmente no setor da modelagem tridimensional das cidades como uma alternativa para aperfeiçoar a gestão de dados para a tomada de decisões. Os sistemas de modelagem de informação estão sendo muito requisitados, tais como o sistema usado para o City Information Modeling (CIM), uma vez que ele serve para gerenciar todos os tipos de infraestrutura incluindo pontes, estradas, túneis, prédios, entre outros. Além disso, esse sistema se configura como um jeito mais fácil de gerenciar projetos urbanos muito complexos de forma integrada e sustentável, uma vez que precisa da colaboração de vários setores e evita o desperdício. Por causa desses fatores, muitas construções já foram feitas utilizando essa ferramenta.
O CIM é análogo ao BIM (Building Information Modeling) só que em escala maior (STOJANOVSKI, 2013), engloba a cidade e é considerado uma evolução do Sistema de Informação Geográfica (SIG). O CIM usa o conceito de cidade relacionado ao espacial e ao das relações entre as pessoas e objetos, uma vez que, diferentemente de outros modelos, não é apenas um instrumento para ver os projetos, mas também apresenta uma série de dados associados ao sistema. Como existe uma gama de informações que pode ser acrescentada no programa, esse sistema divide a cidade em blocos que apresentam fronteiras, conexões e especificações internas que estão interligados. Do mesmo modo, existem vários tipos de conexões entre os blocos e essas subdivisões são chamadas de tags. Assim, a junção de todos esses blocos e conexões forma a cidade. Logo, conclui-se que os sistemas de modelagem 3D são excelentes ferramentas para o planejamento e a construção das cidades, tanto na parte subterrânea quanto na parte acima do solo, sendo eficiente na visualização das obras e na junção dos dados. Porém, na representação em 3D torna-se necessária a descrição da composição da cidade, desde os limites da região e sua vegetação até os sistemas de água, transporte, estrada, (ZIURIENE et al, 2006), entre outros. A utilização de programas que possibilitem a visão espacial do relevo ou que comportem as informações necessárias é primordial no desenvolvimento desses projetos tridimensionais.
No entanto, além dos benefícios trazidos, existem alguns fatores negativos como o tempo necessário para o levantamento e cadastro dessas informações, assim como a necessidade de qualificação de mão de obra para o desenvolvimento do projeto. As análises a respeito da implantação de sistemas que possibilitam o planejamento das cidades de forma tridimensional concluem que a aplicabilidade de tais sistemas é elevada, mesmo considerando os pontos negativos. Contudo, é necessário que os dados sejam coletados e armazenados de forma que sejam acessíveis e atualizados, ao mesmo tempo em que sejam comparáveis numa série histórica.
O City Information Modeling, mesmo não tendo simulações perfeitas, apresenta várias vantagens, pois trata-se de uma ferramenta que pode ser atualizada constantemente quanto às informações espaciais e físicas. Além disso, o sistema em 3D presente na modelagem CIM é mais preciso do que nos modelos 2D e contém diversas informações em um único programa.
Do ponto de vista da informação para tomada de decisão ligada ao campo do urbanismo, segundo Todor Stojanovski:
“Urbanismo é uma mudança do plano para ação”, o que relaciona “Informação e teoria que pertencem à esfera científica, em contraste com a ação e regulação, que estão na esfera política”. (STOJANOVSKI , 2013, p. 7).
Nesse sentido, pode-se afirmar que o CIM diz respeito à esfera científica, mas serve como base para a esfera política. Este artigo tem como objetivo discutir o tema da difusão (IKENBERY, 1990; ROGERS, 1995) abordando duas questões centrais: 1) A difusão de ideias na área de tecnologia da informação para a ações na escala urbana, examinando o caso do City Information Modelling (CIM) e, como sua aplicação ainda não é em grande escala, 2) como isto está ocorrendo na academia e quais são os mecanismos de difusão nas escolas de engenharia civil. Para se ter a médio ou longo prazo o uso do CIM como ferramenta em uma escala maior, se faz necessário o seu conhecimento e difusão para os futuros profissionais que estas escolas estão formando. Esta discussão pode ser ampliada para outras escolas, e para outras ferramentas digitais. Então, é bastante relevante um estudo que analise como o CIM vem sendo implementado em sua fase inicial, comparando-o ao BIM que já encontra-se em estágio mais avançado de consolidação enquanto ferramenta de modelagem na construção civil.
Faz-se necessário realizar trabalhos integrados visando à interoperabilidade de ferramentas de manipulação da informação, tais como BIM, CIM e Project-Based Learning. Assim sendo, a aplicação dessas ferramentas podem alcançar um importante patamar no campo da construção civil ao promover interações teórico-metodológicas (CHECCUCCI, 2014) que poderão aprimorar a formação de futuros engenheiros que lidarão cada vez mais com tecnologias da informação, desenvolvimento tecnológico multidisciplinar, estruturas corporativas que demandam trabalhos colaborativos, entre outras.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este trabalho apresenta a abordagem de uma pesquisa desenvolvida com alunas do curso de engenharia civil na Universidade Federal de Pernambuco sobre gerenciamento de projetos de engenharia e construção aplicados à modelagem da informação para as cidades usando a ferramenta City Information Modeling (CIM). Este estudo revisa a literatura sobre gerenciamento de projetos de arquitetura, engenharia e construção aplicados à modelagem da informação para as cidades. O trabalho apresenta um panorama de experiências internacionais buscando identificar semelhanças e contradições quanto à integração de ferramentas de tecnologia da informação buscando a intercambialidade de dados e informação de modelos utilizados para a tomada de decisões a pesquisa adotará uma metodologia de coleta, registro, sistematização e classificação de informações referentes ao CIM, adaptada para os cursos de engenharia civil Esta pesquisa baseia-se na revisão da literatura, de documentos das grades curriculares dos cursos de engenharia civil, e dos estudos de casos encontrados na revisão da literatura. Para tanto, serão desenvolvidos os seguintes procedimentos:
- Revisão detalhada e uma análise crítica da literatura sobre BIM, CIM e difusão de tecnologias, e Project-based Learning;
- Levantar estudos de casos em que haja experiências nacionais e internacionais com BIM e CIM;
- Levantar as grades curriculares de cursos de engenharia civil no âmbito nacional e internacional que tenham BIM e CIM como disciplinas;
- Selecionar e classificar os projetos por: experiências com BIM ou CIM;
- Selecionar e classificar cursos que tenham experiências com BIM e CIM;
- Coletar dados dos casos selecionados;
- Produzir um perfil dos projetos e currículos identificando os mecanismos de difusão;
- Organizar os dados, analisar os dados e escrever os resultados.
RESULTADOS ESPERADOS
Nesse processo, questões referentes aos tipos de dados e aplicações dos modelos de informação na construção e de infraestrutura dos mesmos, produzidos por diferentes programas do tipo BIM, são evidenciados quanto às semelhanças e diferenças na inserção dos mesmos em uma plataforma de cidade modelada, tipo CIM, para apontar problemas de intercambialidade dos dados desses modelos. O trabalho aponta as contradições existentes no processo do uso da tecnologia da informação para o gerenciamento e gestão de cidades. E por último, analisando os estudos de casos, obter quais os mecanismos utilizados para a difusão do CIM.
Diante da constatação de pouca existência de estudos sistemáticos sobre o uso de modelagem tipo CIM, este estudo aponta para a prática existente comparativa com estudos de modelagem do tipo BIM, traçando paralelos entre estas ferramentas e os mecanismos de difusão das mesmas nas escolas de engenharia civil.
Dessa forma, este estudo visa contribuir para um entendimento mais aprofundado desta ferramenta, uma vez que ela pode contribuir para um melhor desempenho aplicado a diversas áreas. Do ponto de vista sobre os dados levantados quanto os mecanismos de difusão destas tecnologias e formas de gerenciamento, este trabalho servirá para ampliar o debate acerca do uso dessas ferramentas nas escolas de engenharia visando a formação de profissionais.
DISCUSSÃO
Por se tratar de uma ferramenta nova para a prática da modelagem tridimensional da cidade (CIM), pouco se conhece sobre suas aplicações para os cursos de engenharia urbana. Essas novas metodologias precisam ser melhor desenvolvidas, usando como base as experiências do uso do BIM nos cursos de engenharia civil, entre outros.
Este trabalho aponta para a necessidade de realização de estudos ligados a área do conhecimento da gestão da informação da cidade. O planejamento de cidades necessita de uma base de dados atualizada e de trabalhos integrados entre os órgãos competentes pelo controle urbano e do planejamento. Uma plataforma tridimensional de informações visando o gerenciamento de cidades não funcionará a contento sem que haja interação de dados e de pessoas que alimentam e trabalham esses dados.
Do ponto de vista do ensino do CIM para as escolas de engenharia civil, a interação deve ocorrer em consonância com outros conteúdos e ferramentas, tais como: gerenciamento de pessoas, projetos, obras, etc. É fundamental interagir ainda com metodologias que estimulem a utilização de abordagens de PBL, integradas ao ensino do BIM.
Keywords
References
CHECCUCCI, E. de Sousa. Ensino-aprendizagem de BIM nos cursos de graduação em engenharia civil e o papel da expressão gráfica neste contexto. Tese de doutorado. Salvador, UFBA. 2014.
IKENBERRY, G. J. The international spread of privatization policies: inducements, learning, and ‘policy bandwagoning’. In: Suleiman, E. and Waterbury, J. (Orgs.). The political economy of public sector. Boulder, Co.: Westview, pp. 88-110, 1990.
ROGERS, E. M. Diffusion of Innovations. New York: Free Press, 4th Edition, 1995.
STOJANOVSKI, TODOR. City Information Modeling (CIM) and Urbanism: Blocks, Connections, Territories, People and Situations. ANAIS de SimAUD 13- Proceedings of the Symposium on Simulation for Architecture & Urban Design, San Diego, 2013.
ZIURIENE, Ryte. MESLIUTE, Rimante. MAKUTENIENE, Daiva. Development of 3D city model applying Cadastral Information. Geodesy and Cartography, Vol XXXII, No 2. 2006.