XIX Congress of the Iberoamerican Society of Digital Graphics, 

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A FABRICAÇAO DIGITAL COMO FERRAMENTA DE PROCESSO DE PROJETO: CONECTANDO DESIGN E ARQUITETURA
Maria Candelária Ryberg, Maurício Storchi, Ivan Medeiros, Regiane Pupo

Last modified: 2015-08-27

Abstract


INTRODUÇÃO

As diversas formas de processo de projeto nas áreas de design e arquitetura, hoje, estão sendo repensadas em virtude da inserção das novas tecnologias para concepção, desenvolvimento e materialização. Cada vez mais, técnicas, ferramentas e métodos se completam, proporcionando ao designer e ao arquiteto um envolvimento literal durante todo o processo projetual.  Com uma atividade pontual e específica de uma intervenção urbana, este artigo visa elucidar que a permeabilidade entre as duas áreas pode trazer soluções inovadoras, clareza durante o processo, além do conhecimento de diferentes experiências.

O processo de projeto arquitetônico é composto por etapas que possuem métodos e ferramentas específicos. Quanto maior a eficiência nessas etapas, maiores as contribuições para a melhoria dos projetos, e, consequentemente, maior é a qualidade nas construções. A Fabricação Digital, assim como as técnicas de parametrização de projeto, tem mostrado resultados inovadores e de qualidade nesse contexto, aliando eficiência, rapidez e precisão ao projeto arquitetônico. O potencial que estas novas tecnologias trazem à produção e ao gerenciamento de projetos amplia o processamento tridimensional, colaborando na compreensão espacial e no desenvolvimento de modelos rapidamente prototipados (PUPO et. Al, 2013).

No design, o processo e métodos de projeto, por vezes, são mais sistemáticos e concentram uma gama de técnicas e ferramentas que o tornam mais controlado e objetivo. Segundo Pazmino (2013), “Método é o caminho para se atingir uma finalidade, podendo ser entendido como um composto de várias técnicas”. O método, supondo ser uma sistemática de trabalho, de organização e de rigor no desenvolvimento, conduz a soluções inovadoras, sendo que alguns destes são técnicas especificas para auxiliar o pensamento criativo (PAZMINO, 2013).

Ferramentas projetuais, como a parametrização, permitem estabelecer relações entre elementos ou grupo de elementos de um projeto a ser desenvolvido, atribuindo valores ou expressões numéricas a fim de organizar e controlar estas definições (CELANI, PUPO, VAZ, 2013). O que diferencia esta das ferramentas tradicionais de projeto, em que se inclui o sistema CAD, é a inter-relação dos elementos que compõem o mesmo. Uma vez estabelecidas as relações entre os elementos, o sistema composto por diversos parâmetros ganha autonomia, possibilitando explorar novas soluções que talvez não seriam atingidas com a utilização de sistemas convencionais. Como consequência, alterações dentro do projeto podem ser realizadas de maneira mais rápida, com a manipulação dos parâmetros, sem a necessidade de se recomeçar desde as fases iniciais. Ao mesmo tempo, a fabricação digital completa o entendimento, pois, de forma precisa e diversificada, tem a capacidade de materializar o projeto, causando maior compreensão espacial, formal e compositiva do que está sendo proposto.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Buscando uma integração entre práticas desenvolvidas na arquitetura e ferramentas utilizadas no design, o presente estudo analisa a inserção da Fabricação Digital e de sistemas paramétricos durante o processo de projeto de mobiliários urbanos, através de uma proposta de intervenção na Universidade XXXXX, XXXXX. Para tanto, elaborou-se um projeto de mobiliário para a Praça XXXXX, coração da universidade, onde concentra-se o maior fluxo e número de usuários do campus. O estudo foi fundamentado em técnicas de Human Centered Design (HCD), muito utilizadas no processo de design, em que o usuário é o principal ator do processo de projeto, influenciando desde as etapas de levantamento, concepção, análise e implementação da proposta (IDEO, 2009). Estas técnicas estão presentes em pesquisas de mercado e desenvolvimento de diversos produtos e serviços. O projeto sustentou-se ao longo do processo nas possíveis técnicas de Fabricação Digital, através da elaboração de protótipos na impressora 3D, fabricação de mobiliários em escala menor para estudo e análise dos meios de montagem, e, por ultimo, a fabricação da proposta de mobiliário em escala 1:1.

A metodologia do estudo dividiu-se em duas etapas: processo criativo e processo de modelagem/fabricação, os quais, em diversos momentos, se cruzaram, tornando o entendimento da forma e suas possíveis soluções mais precisos. Já desde as primeiras fases do projeto, a interpolação dos processos utilizados em design e em arquitetura pôde contribuir para a proposta. Seguindo o método HCD, a etapa de processo criativo consistiu na análise da área de estudo - realizada através de observações sistemáticas e aplicação de questionários com o publico alvo - e na geração de alternativas. Para esta última etapa, elaborou-se um mapa conceitual com os conceitos norteadores de projeto, referentes às palavras-chave de apropriação dos usuários com o espaço. Em seguida, elaborou-se um painel semântico destes conceitos e um brainstorming com croquis de possíveis propostas e referências, buscando a definição geral das alternativas.

A etapa de modelagem utilizou-se das tecnologias projetuais já citadas - Parametrização, Prototipagem e Fabricação Digital. Para tanto, foram experimentadas diferentes maneiras para estudo das possíveis formas de modelagem da intenção da proposta, dentre elas: croquis, desenhos, maquetes físicas construídas manualmente e modelagem digital no software Rhinoceros aliada a inserção dos parâmetros pelo pluggin Grasshopper. A utilização das técnicas de Parametrização ocorreu durante um curso de capacitação ministrado no decorrer da pesquisa, criado e desenvolvido a fim de produzir o mobiliário e avaliar o método de produção.

A partir da modelagem, experimentaram-se diversas técnicas de Fabricação Digital disponíveis, como a elaboração de protótipos em impressão 3D em FDM (Fused Deposition Modeling), corte laser para estudos ergonômicos e análise dos meios de montagem, e, por último, a fabricação da proposta de mobiliário em escala 1:1, produzida em equipamento CNC (Computer Numeric Control). Neste momento, avaliam-se os efeitos e resultados da inserção da diferenciada metodologia projetual, para compreender se a mesma respondeu efetivamente às necessidades dos usuários, percebidas na primeira etapa de diagnóstico.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A inserção da Fabricação Digital como ferramenta de projeto permite ao projetista pensar sobre diversas condicionantes que permeam o processo projetual, principalmente no que se refere a aspectos construtivos. Quanto à fase de estudo e análise, a Fabricação Digital mostrou-se facilitadora para materialização de protótipos e estudos em escalas reais, o que possibilita o teste do projeto e torna seus problemas maís visíveis. Deste modo, o projetista adquire maior consciêcia das problemáticas, levando não só a um refinamento e qualificação do projeto, mas também evita futuros conflitos de execução.

A Parametrização do mobiliário mostrou-se essencial para a intenção de um projeto versátil e de diferentes aplicações. Uma vez definida a programação, a alteração da modelagem torna-se muito mais ágil, o que permite a replicação do mobiliário proposto para outras localidades, mantendo seus aspectos ergonômicos, alterando-se apenas os parâmetros referentes a implantação.

A experiência mostrou que as diversas técnicas utilizadas durante a pesquisa não inibem a produção criativa ou a limita de maneira rígida como os sistemas convencionais; ao contrário, quando inserida no processo projetual, pode vir a fornecer diversas possibilidades, principalmente para materialização de protótipos de maneira rápida e automatizada, garantindo otimização do tempo de análise do projeto, uma vez que este tempo, antes gasto no processo de construção dos protótipos, pode ser usado para a avaliação dos modelos.

A experiência com Fabricação Digital durante o processo projetual força o  projetista a pensar desde o início sobre construtibilidade – o que eram apenas linhas no papel, passam a ser, no sistema em 3D, elementos reais com atributos e  tolerâncias. Tais ferramentas permitem unir, também, diversas plataformas e abrem um leque maior de possibilidades para o projetista - desde desenvolvimento de geometrias complexas, até o controle de suas propriedades, além de análises de variáveis estruturais, de conforto ambiental e também estéticas.


Keywords


Fabricação Digital; Prototipagem; Interdisciplinaridade; Arquitetura; Design;

References


PUPO, Regiane; VAZ, Carlos; CELANI, Gabriel. Sistemas generativos de projeto: classificação e reflexão sob o ponto de vista da representação e dos meios de produção. Revista Brasileira de Expressão Gráfica, São Paulo, 2013.

IDEO. Human-Centered Design: Kit de Ferramentas. 2. ed. Palo Alto, California: IDEO, 2015. Disponível em:<http://www.ideo.com/images/uploads/hcd_toolkit/HCD_Portuguese.pdf>. Acesso em: 10 fev. 2015.

PAZMINO, A. V. Como se cria: 40 métodos para design de produtos. São Paulo: Blucher, 2013.


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