XIX Congress of the Iberoamerican Society of Digital Graphics, 

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RELATOS DE UMA RECENTE IMPLEMENTAÇÃO DO BIM NO ENSINO DE ARQUITETURA
Vivian Delatorre, Alice Theresinha Cybis Pereira, Juliano Miotto

Last modified: 2015-08-27

Abstract


INTRODUÇÃO

Com o surgimento do BIM transformações significativas ocorrem no processo de projeto e em todas as fases de planejamento e construção do edifício. Além da inserção de uma tecnologia, o mesmo refere-se a um conjunto integrado de políticas e processos, que requerem práticas colaborativas, interdisciplinares e integradas, desde a fase de concepção. (Eastman et al., 2014; Succar, 2008).

O BIM vem sendo implementado nas escolas de Arquitetura e Engenharia a nível internacional e nacional, mas pesquisas tem mostrado que o Brasil tem muito a avançar se comparado ao quadro internacional (Barrison e Santos, 2011; Ruschel et al., 2013; Taylor, Hein; 2008).  Acredita-se que a melhora deste quadro no Brasil, depende de um movimento de mais escolas de Arquitetura e Engenharia implementarem o BIM no ensino, gerando experiências que possam ser compartilhadas.

Este trabalho tem como objetivo apresentar os primeiros relatos da implementação do BIM no curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade (...), iniciado em 2014. Assim como, expor a visão do aluno neste processo e exemplificar a inserção do BIM em disciplina de projeto arquitetônico e a sua relação com as demais disciplinas projetivas e de representação gráfica.

Como resultado, se tem apontamentos e reflexões que procedem desta implementação, através da aplicação prática e considerando a visão do aluno. E espera-se que o mesmo possa gerar contribuições para novas experiências.

 

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Os procedimentos metodológicos adotados neste trabalho são baseados em:

  • Revisão Sistemática de Literatura sem meta-análise e Revisão integrativa de Literatura (panorama de implementação do BIM no ensino e relatos de implementação e experiências).
  • Contextualização da implementação do BIM na matriz curricular do Curso de Arquitetura e Urbanismo da (...).
  • Apresentação da estruturação proposta de implementação do BIM em uma disciplina de projeto arquitetônico e a integração com as demais disciplinas (dissertação do autor, 2014) e apresentação da experiência, do semestre atual, no intuito de exemplificar.
  • Elaboração e aplicação de questionário, com afirmativas em que os alunos expressaram o grau de concordância e discordância (escala Likert) em relação a implementação do BIM, e aberto à comentários. Com objetivo de conhecer a visão do aluno inseridos neste processo.
  • Análise e discussão dos resultados.

 

RESULTADOS

Nesta primeira fase da implementação percebeu-se, assim como afirma Succar (2008), que esta etapa pode parecer que o BIM está baseado apenas em ferramentas. Segundo o autor, faz parte de um processo de transição, uma vez que a tecnologia apoia o processo interdisciplinar, colaborativo e integrado.

Por outro lado, entende-se que o acompanhamento do processo é essencial para que a implementação do BIM, não seja vista apenas como a inserção de uma nova ferramenta no currículo de arquitetura, estimulando a colaboração e integração. Porém, uma análise de cada semestre, assim como a revisão do processo, pode contribuir para uma implementação mais efetiva.

Observa-se ainda, a necessidade de estudos específicos sobre a fase concepção do projeto, principalmente relacionado aos aspectos formais, utilizando ferramentas BIM, buscando metodologias que estimulem a criatividade e explorem o potencial do software.

A discussão entre os professores quanto ao uso das ferramentas, foi pautada em um apoio e estímulo ao processo (autor 2014). No entanto, o resultado do questionário aplicado aos alunos detectou-se que estes gostariam que todos os professores da linha projetiva, tivessem um maior domínio da ferramenta. Isto evidencia que novas reflexões sobre este assunto se faz necessária.

De um modo geral se tem uma boa aceitação por parte dos professores (autor, 2014) e dos alunos quanto a implementação do BIM, na matriz atual. Isto reforça que o BIM é visto como um potencial no ensino, mas o aprimoramento das práticas requer novos experimentos. Deste modo, acredita-se que resultados mais concretos, diagnosticando os potenciais e falhas no processo, serão constatados de forma mais efetiva quando se completar o ciclo.

A maior parte dos alunos estão tendo uma boa adaptação ao processo e o uso das ferramentas BIM, que está incorporada na prática das disciplinas de projeto arquitetônico, assim como em outras disciplinas da linha projetiva e de representação gráfica. Percebe-se que projetação tridimensional auxilia em uma maior compreensão do aluno, nas soluções projetuais, aproximando de um edifício real.

E por fim, entende-se que o aluno está passando por uma etapa de transição e que o mercado ainda não absorveu estas transformações. Mas acredita-se que a mudança do mercado irá acontecer quando mais escolas implementarem o BIM em seus currículos. E estes estudantes se tornarem profissionais, tendo como base de sua formação à inserção de novas tecnologias e processos, entre elas o BIM.

Espera-se que este trabalho possa gerar novas discussões sobre a implementação do BIM no ensino e as influências que o mesmo exerce no processo de projeto arquitetônico. Assim como incentivar que outros estudos sejam desenvolvidos, gerando subsídios para criação de novas metodologias e novas aplicações no ensino, com base no potencial destas ferramentas e explorando os conceitos de integração e colaboração.

 

DISCUSSÃO

CONTEXTUALIZAÇÃO DA IMPLEMENTAÇÃO

A matriz do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade (...) foi implementada no primeiro semestre de 2014, atualmente esta na 3ª fase do curso. A construção da matriz foi pautada na inserção de novas tecnologias entre elas o BIM. Optou-se por introduzi-lo dentro das disciplinas e não uma disciplina específica.

O curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade (...) discutiu amplamente esta matriz em 2013 e ofereceu treinamento para os professores em software BIM no 1º semestre de 2014 e 1º semestre de 2015. Mas por se tratar de uma instituição comunitária, existe uma maior rotatividade dos professores, o que pode resultar falhas no processo, até que se integre estes nos novos professores nestas discussões.

Na primeira fase do curso, os alunos já são inseridos em ferramenta BIM (Revit®), na disciplina de Desenho Arquitetônico I, o qual é ensinado representação gráfica a partir da modelagem tridimensional, estimulando o entendimento das representações bidimensionais.

Esta experiência do uso de ferramenta digital nas primeiras fases para representação técnica do projeto já havia sido discutido e aceito pelo corpo docente, na matriz anterior. Já se tem uma metodologia que demonstrou não haver perda no processo de ensino-aprendizagem.  No entanto, existem disciplinas específicas para expressão gráfica manual, ou seja, acredita-se que mesmo com o uso de ferramenta BIM, os croquis devem ser estimulados.

Para exemplificar o estudo e a metodologia aplicada (Taylor, Hein; 2008; Kiviniemi, 2013), o artigo final (em caso de aceite) apresentará a estrutura da proposta de um semestre, tendo como foco a implementação em disciplina de projeto arquitetônico, que trata do Projeto Arquitetônico residencial e a integração com as disciplinas de Arquitetura de Interiores I, Fabricação Digital e Prototipagem Rápida, Experimentação da Concepção Estrutural e Arquitetura Paisagística.

 

INTEPRETAÇÃO E ANÁLISE DO QUESTIONÁRIO

Os alunos conseguem compreender o BIM não apenas como ferramenta, mas também como um processo que envolve práticas colaborativas e integradas. A maior parte dos alunos concordam com o ensino de ferramentas BIM, desde as fases iniciais, com aplicação gradativa nas disciplinas projetuais e que a modelagem tridimensional auxilia na compreensão do edifício real.  Isso demonstra que embora não se tenha uma imersão de uma experimentação mais intensa dos conceitos e ferramentas BIM, estes conceitos vêm sendo reforçados nas disciplinas.

Quanto ao estímulo do uso das ferramentas BIM por parte dos professores os alunos respondem de forma positiva, mas acham importante que todos os professores dominem básico das ferramentas para que possam auxiliá-los nas disciplinas projetivas.

Mas quando abordado sobre a integração das disciplinas e estímulo ao processo integrado e colaborativo o grau de concordância foi menor.  Isso reforça a retomada da discussão da importância do domínio ou não das ferramentas BIM, por parte dos professores das linhas projetivas. Assim como estudar alternativas para uma interdisciplinaridade mais efetiva, para que as integrações realmente aconteçam.

Em relação ao uso de ferramenta BIM na concepção da forma (volumetria) ser um limitante no processo criativo, mais da metade dos alunos discordam com a afirmativa. Mesmo assim, acrescentam que gostariam de ter mais aulas de modelagem de massa (recurso Revit® para geração da forma) e outros abordam o software SketchUP® como uma ferramenta mais interativa para esta etapa. Nesse sentido, percebe-se que os aspectos de concepção da forma em softwares BIM, ainda podem ser explorados.

Já em relação a aplicação nas demais etapas do projeto e representação gráfica, os alunos em sua maioria concordam que a ferramenta contribui, mas relatam a falta de simbologias adequadas a norma brasileira. Além disso, acreditam ser importante a organização e promoção de cursos, oficinas, workshops e materiais de apoio que auxiliem e aprofundem o conhecimento em BIM.

E por fim os alunos apontam como importante o ensino do BIM no currículo de Arquitetura e que está prática deve ser continuada, alguns alunos ressaltaram que a maior parte do mercado de trabalho ainda não utiliza ferramenta BIM, o que dificulta a inserção em estágios. Pode ser este um dos desafios da implementação do BIM no ensino, é preparar profissionais para trabalharem com esse novo processo que requer práticas integradas e colaborativas, modificando o cenário atual.

 


Keywords


BIM, Arquitetura, Ensino.

References


REFERÊNCIAS CONSULTADAS

BARISON, M. B.; SANTOS, E. T. Ensino de BIM: tendências atuais no cenário Internacional. Gestão & Tecnologia de Projetos, São Carlos, v. 6, n. 2, p. 67-80, dez. 2011. Disponível em: <http://www.iau.usp.br/posgrad/gestaodeprojetos/index.php/gestaodeprojetos/article/view/218>. Acesso em 11 abr. 2015.

EASTMAN, Chuck; TEICHOLZ, Paul; SACKS, Rafael; LISTON, Kathleen.  Manual de BIM: Um guia de modelagem da informação da construção para arquitetos, engenheiros, gerentes, construtores e incorporadores. Porto Alegre: Bookman, 2014.

KIVINIEMI, Arto. Challenges and opportunities in the BIM education: How to include BIM in the future curricula of AEC professionals? 2013. Disponível em: <http://www.nibs.org/?page=conference_bim>. Acesso em: 20 mar. 2015.

RUSCHEL; ANDRADE; MORAIS.. O ensino de BIM no Brasil: onde estamos?. Ambiente Construído. Ambient. constr. vol.13 no.2 Porto Alegre Apr./June 2013. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S1678-86212013000200012>. Acesso em: 15 mar.  2015.

SUCCAR, B. Building information modeling framework: a research and delivery foundation for industry stakeholders. Automation in Construction, v. 18, n. 3, p. 357-375, 2008. Disponível em: <www.elsevier.com/locate/autcon>. Acesso em: 15 mar. 2015.

TAYLOR, J.M.,Liu,J.; HEIN ,M.F.(2008). Integration of Building Information Modeling into an ACCE Accredit construction management curriculum. 44th  ASC Annual International Conference, Associated Schools of Construction, Auburn, AL. 2008 Disponível em: <http://ascpro0.ascweb.org/archives/cd/2008/paper/CEUE246002008.pdf>. Acesso em 10 abr. 2015.

Dissertação de um dos autores deste artigo (2014), com tema BIM no ensino. (Dissertação, 2014)

 

REFERÊNCIAS A SEREM CONSULTADAS

AHN, Yong Han; CHO, Chung-Suk; LEE,  Namhun. Building Information Modeling: Systematic Course Development for Undergraduate Construction Students. Journal of Professional Issues in Engineering Education & amp. Practice. 2013.

ARAYICI, Y. et al. BIM adoption and implementation for architectural practices. Structural Survey. Vol. 29 Iss 1 pp. 7-25. 2011.

KIM, Jin-Lee. Use of BIM for Effective Visualization Teaching Approach in Construction Education. Journal of Professional Issues in Engineering Education & amp. Practice. 2012.

MATHEWS, Malachy. BIM collaboration in student architectural technologist learning. Journal of Engineering, Design and Technology. Vol. 11 Iss 2 pp. 190 - 206. 2013.

LIU, M.; GRIFFIS, F.; BATES, A. Connecting technology, industry and research: a mechanism of curriculum integration for BIM educational opportunities. Disponível em: <http://www.nibs.org/?page=conference_bim>. Acesso em: 15 mar. 2015.

RAFIQ, M. Y.; RUSTELL, M. J. Building Information Modeling Steered by Evolutionary. Computing Journal Of Computing In Civil Engineering. 2014.

SPILLER, Neil; CLEAR, Nic. Educating Arhitects: How Tomorrow's Practitioners Will Learn Today. Ed. Thames & Hudson, 2014. ISBN 9780500343005

SVETEL, Igor; JARIĆ, Marko; BUDIMIR, Nikola. 2014. BIM: Promises and Reality. Spatium, Vol 32 Iss, pp 34-38. 2014.


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