Last modified: 2015-08-27
Abstract
O projeto <retirado para não reconhecimento> surge devido a um contexto onde se evidencia a necessidade de suporte a professores e alunos para a incorporação das tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem de projeto. Sistemas BIM (Building Information Modelling), simuladores de performance (lumínica, energética, estrutural, etc.), sistemas paramétricos e de geração de formas, prototipagem rápida/ fabricação digital são algumas tecnologias que vão muito além dos tradicionais Sistemas CAD na ajuda ao processo de projeto de forma a torná-lo cada vez mais preciso em suas proposições, evitando práticas que chegam a ser irresponsáveis junto à sociedade.
Entretanto, a complexidade dos sistemas e a falta de entendimento dos conceitos que os fundamentam, tornam a sua apropriação e aplicação no processo de ensino e aprendizagem das escolas de Arquitetura uma tarefa nada trivial. Pode-se constatar este fato nos estudos de Oliveira & Pereira em 2011, que salientam que BIM ainda é pouco incorporado nas práticas profissionais de Arquitetura, faltando protocolos facilitadores de sua implementação; as pesquisas de Rushell et al, 2013, evidenciam a forma pouco efetiva de implementação da tecnologia BIM nas escolas de Arquitetura e Eng. Civil, colocando a necessidade de incorporação de conceitos de coordenação, integração e colaboração que fundamentam o processo de BIM nas estruturas das escolas; Pupo, 2008 insiste no papel da Universidade em favorecer a difusão das técnicas de prototipagem rápida e fabricação digital no ensino de projeto; Gonçalves & Duarte, 2007 revelam que a simulação computacional consiste em ponto crítico tanto na prática quanto no ensino de projeto, pois os softwares são complexos e existe falta de entendimento do fenômeno que representam.
Assim, evidencia-se que o processo de projeto de Arquitetura e Design tem mudado de forma muito rapida, necessitando maior integração destas tecnologias no ensino de projeto e, consequentemente, de apoio aos professores para que possam se atualizar e contribuir para uma prática de atelier mais inovadora e integrada.
Por outro lado, existe a problemática de um país extenso como o Brasil, onde a realidade dos cursos de Arquitetura e Urbanismo (AU), segundo o Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 2011, revela a existência de uma má distribuição destes ao longo do território Brasileiro. Os cursos estão distribuídos com altíssima concentração na região sudeste, alta concentração na região sul, mediana nas regiões nordeste e centro-oeste e baixa concentração na região norte. Ao verificar-se o IGC (Índice Geral de Cursos), identifica-se uma disparidade no grau de qualificação das Instituições de Ensino Superior (IES), principalmente da Região Norte (com índices entre 3 e 2) em relação ao restante do país (que apresentam índices entre 4 e 5). Ou seja, existe restrição de acesso à educação de qualidade reconhecida em diversas áreas do país, e este é o contexto de muitos alunos e professores de AU. A influência deste contexto afeta em muito a situação do Brasil em termos de qualidade de vida e competitividade.
Sabe-se que o Brasil vive hoje um momento particular em relação à educação a distância, favorecendo a veiculação de programas de atualização e aperfeiçoamento, bem como de formação de profissionais que ensinam em áreas da educação fundamental e secundária. A UAB (Universidade Aberta do Brasil), que reúne universidades e centros federais em colaboração com o governo do estado e do município, fornece uma rede de pólos para apoiar o fluxo dos cursos a distancia, envolvendo alunos, professores, tutores, e coordenadores. O desenvolvimento de materiais hipermidiáticos para os cursos criados promoveu a formação de grupos de design e pedagogia que adquiriram experiência no desenvolvimento de materiais de qualidade. A avaliação destes cursos tem se mostrado altamente satisfatória a ponto de alunos de cursos em EAD terem melhores resultados em exames nacionais que os de cursos presenciais (informação segundo o Portal de EAD).
O <retirado para não reconhecimento> objetiva contribuir para a atualização de professores/alunos em relação a integração das tecnologias digitais no processo de ensino e aprendizagem de projeto de Arquitetura e Design de forma colaborativa, através de um ambiente em rede que permite a veiculação e produção de recursos de aprendizagem e, mesmo cursos, de forma livre e colaborativa, independente de localização geográfica.
Procedimentos metodológicos
Visando o desenvolvimento de um ambiente que aproveita as características que a Internet atual dispõe (colaboração, participação, plataformas de produção, entre outros), empregou-se a estrutura metodológica do Design da Experiência de Jesse James Garret (2003) para o desenvolvimento do <retirado para não reconhecimento>.
Este método prevê o desenvolvimento de um sistema em 5 planos, a saber: plano de estratégia, de escopo, de estrutura, de esqueleto e de superfície; este sistema transpõe o projeto da fase mais abstrata para a mais concreta. Neste artigo será exposto os resultados do primeiro e mais abstrato dos planos: o plano da estratégia, que prevê a identificação das necessidades do usuário e dos objetivos do site. Pesquisas exploratórias, questionários e grupo focal foram as técnicas utilizadas para o desenvolvimento deste plano.
Resultados
No plano de Estratégia, as informações, requisitos, público-alvo e proposições do sistema desejado foram identificados através de pesquisa exploratória e grupo focal, sendo os resultados sistematizados para orientar o desenvolvimento do próximo plano.
Em relação à abordagem pedagógica/andragógica, o <retirado para não reconhecimento> segue as diretrizes da Cognição Situada onde "as pessoas aprendem ao participar de comunidades de prática permitindo progredir em sua experiência pela observação, reflexão, mentoria e legítima participação periférica”(Filatro, 2008, p.15). A aprendizagem acontece pela semelhança e a aplicabilidade da situação e contexto, fazendo com que a autenticidade destes seja significativa ao aprendiz.
Filatro coloca as implicações para o ensino que também servem para orientar o desenvolvimento do sistema desejado: segurança para a participação; meios de desenvolvimento de identidades; meios para facilitar diálogos e relacionamentos de aprendizagem; elaboração ou disponibilização de conteúdos de aprendizagem autênticas.
Em relação ao público-alvo, foram desenvolvidos Personas através de pesquisas para identificar o perfil dos usuários do sistema. Resultaram três principais Personas: um Professor Doutor de Arquitetura e Urbanismo de meia-idade que colocaria “Procuro fazer meu trabalho com excelência e ser alguém relevante na formação de novos profissionais; por isso estou sempre buscando por conteúdos atualizados e confiáveis para aplicá-los na pesquisa e na preparação de minhas aulas”; um Professor doutor mais idoso que falaria “A tecnologia voa… São muitas transformações em curtos períodos de tempo. Acompanhar tudo isso é uma tarefa deveras desafiadora”; e, por fim, uma estudante de Arquitetura e Urbanismo jovem que diria “Eu queria poder usar o pouco de tempo que tenho para aprender a usar novas tecnologias de uma maneira fácil e simples”.
Os conceitos evidenciados pelo grupo focal para o DNA do projeto são: Especialista; Parceiro; Fomentador Tecnológico; Engrandecedor; Inspirador. Originando a seguinte imagem perceptiva do sistema “O xxxxx é um especialista em fomentar tecnologias, de maneira a engrandecer o aprendizado e a me inspirar para criar coisas novas; é um parceiro com quem se pode contar quando me vejo diante de novos desafios”.
O BenchMarking revelou as principais fontes de inspiração do sistema, evidenciando-se referencias de interação, conteúdo e gráficas para o sistema. Logo após foi realizado o plano de escopo, que definiu os requisitos funcionais e de conteúdo do projeto. O maior requisito funcional visa as especificidades de edição e posterior visualização dos recursos; o requisito de experiência mais eminente objetiva manter o usuário engajado em seus estudos.
A Fase de Naming necessitou amadurecimento de idéias para se chegar ao acrônimo xxxxxx, que revela a essência do que se deseja: uma tessitura de idéias e colaborações para disponibilizar conteúdos próprios e de parceiros de forma a fomentar a Tecnologia no Ensino e Aprendizagem em Rede nas área de Arquitetura e Design.
O xxxxxx está em desenvolvimento para ser um ambiente virtual pautado em métodos e procedimentos. Visa ser uma rede colaborativa sobre tecnologias digitais para apoiar o processo de ensino e aprendizagem, no que se refere a projetos de Arquitetura e Design. Objetiva também possuir um espaço destinado a um sistema de HIPERLIVRO, orientado a criações coletivas, sendo uma área de compartilhamento de experiências e colaboração.
Discussão
O desenvolvimento do plano da estratégia mostrou a complexidade em achar as bases de desenvolvimento de um projeto que pretende permitir a seus usuários uma experiência de conhecimento, engajamento e divulgação. Sem a colaboração do grupo focal composto de arquitetos, designers, programadores e estudantes, não seria possível chegar aos resultados apresentados, pois as diferentes visões trouxeram a riqueza de idéias para a discussão. A pesquisa com professores mostrou-se de difícil viabilização, necessitando dedicação singular a fim de captar e compreender este contexto específico.
Um projeto desta escala revela a importância de um método bem estruturado, neste caso o de Garret, para orientar o seu desenvolvimento. O plano da estratégia consiste no primeiro plano do método que fornece o eixo para a continuidade para os outros planos.
Keywords
References
GARRETT, Jesse James. The elements of user experience: user-centered design for web. New York: New Riders, 2003.
GONÇALVES, Joana Carla Soares & DUARTE, Denise Helena Silva. Arquitetura sustentável: uma integração entre ambiente, projeto e tecnologia em experiências de pesquisa, prática e ensino. In Ambiente Construído, v. 6, n. 4, 2006.
OLIVEIRA, Ludmila Cabizuca ; PEREIRA, Alice Theresinha Cybis . MUDANÇAS METODOLÓGICAS DECORRENTES DA IMPLANTAÇÃO RECENTE DE BIM EM ESCRITÓRIOS DE ARQUITETURA. In: XV SIGRADI - Congresso de la Sociedad Iberoamericana de Gráfica Digital, 2011, Santa Fé - Argentina. SIGRADI 2011 - Cultura Aumentada., 2011. v. XV. p. 134-137.
PUPO, R. T. . Ensino da prototipagem rápida e fabricação digital para arquitetura e construção no Brasil: definições e estado da arte. PARC, v. 1, p. 1-19, 2008.
RUSCHEL, Regina Coeli, de ANDRADE, Max Lira Veras Xavier; de MORAIS, Marcelo. O ensino de BIM no Brasil: onde estamos? In Ambiente Construído, v. 13, n.2. 2013.
FILATRO, Andrea. Design Instrucional na prática. São Paulo, Pearson Education do Brasil, 2008.
Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 2011
Portal de EAD (http://www.ead.com.br/cursos-distancia-desempenho-enade/).