XIX Congress of the Iberoamerican Society of Digital Graphics, 

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Fabricação digital na América do Sul: um mapeamento de linhas de ação
David Moreno Sperling, Pablo C. Herrera, Gabriela Celani, Rodrigo Scheeren

Last modified: 2015-08-27

Abstract


Palavras-chave: Fabricação digital; Fab labs; América do Sul

 

INTRODUÇÃO

 

O artigo apresenta um mapeamento de algumas iniciativas de fabricação digital existentes na América do Sul, no qual região em que o desenvolvimento a estruturação dos laboratórios (fab labs) na região ainda ocorre de forma progressiva. Se no primeiro momento -devido aos altos custos de equipamento de prototipagem rápida -a força instalada se concentrava nas indústrias e nas instituições de pesquisa em Universidades, em um segundo momento - com a diminuição dos custos e do porte dos equipamentos - emergiram fab labs em escalas menores e de forma independente. Ao longo da última década, esse quadro tem aumentado exponencialmente, exigindo a necessidade de maior compreensão sobre a estrutura dos laboratórios e seu funcionamento.

Esse estudo tem o intuito de avançar sobre a análise efetuada anteriormente sobre a fabricação digital na América Latina, que foi conduzida por Herrera e Juaréz (2013), em uma pesquisa que categorizou 18 laboratórios por suas diferentes iniciativas: a experiência de ensino acadêmico, o circuito externo ao acadêmico - ou comercial -, e auto-aprendizado. Similar ao exame precedente, outra estratégia de mapeamento que utilizamos como referência metodológica foi a pesquisa de Rocha (2004) que, com o propósito de traçar a emergência da arquitetura computacional entre os anos de 1960 a 1980, apresentou o papel da teoria dentro da prática computacional, conexões e influências entre pessoas e universidades dos EUA e UK – construindo um contexto que permite compreender o cenário histórico que influenciou a formação da nossa cultura computacional contemporânea.

O exercício de representação da informação coletada através de um mapeamento permite organizar e transmitir dados fundamentais para a compreensão de um levantamento que, como no caso do artigo, exibe um caráter tanto quantitativo quanto qualitativo. Segundo Abrams e Hall, a ação de mapear “emergiu na era da informação como um meio de tornar o complexo acessível, o escondido visível e o não-mapeável cartografado [...] o ato de mapear se refere a processos incompletos e em andamento, e a formas mutáveis e indeterminadas.” (2006, p. 12). O exercício de representação da informação coletada permite organizar e transmitir dados fundamentais para a compreensão de um levantamento que, como no caso do artigo, exibe um caráter tanto quantitativo quanto qualitativo.

 

METODOLOGIA

O procedimento metodológico utilizado como base para o mapeamento foi um questionário de avaliação (survey) emitido para 48 centros de fabricação digital na América do Sul –de universidades, estúdios e iniciativas independentes. Este levantamento foi realizado para a organização da XXX e parte dos resultados foi utilizada em artigo recentemente publicado (XXX, 2015). Neste mapeamento, obtivemos resposta de 31 centros em 6 países: Argentina (2), Brasil (22), Colômbia (1), Chile (4), Peru (1) e Uruguai (1).

O questionário continha perguntas sobre a identificação do laboratório, sua localização, data de fundação, membros, além de pedir um breve histórico, se ele é associado a alguma instituição ou é independente, quais são as atividades correntes, quais os equipamentos que possui –número e tipos -, quais os usos feitos deles, a que são aplicados os processos de fabricação e se o laboratório associa cursos e workshops às suas atividades.

Este trabalho tem o objetivo de apresentar alguns dados resultantes desta pesquisa que ainda não foram publicados: caracterizar laboratórios e quantificar dados; comparar a capacidade instalada, usos e aplicações determinadas por estúdios, laboratórios independentes e universidades; caracterizar duas linhas principais de ação: 1) desenvolvimento tecnológico; 2) desenvolvimento social e ambiental.

 

RESULTADOS

Dentro da categorização proposta, podemos associar 25 labs ao primeiro eixo (desenvolvimento tecnológico) e 6 ao segundo (desenvolvimento social e ambiental), enquanto praticamente todos estão envolvido com o desenvolvimento de práticas de ensino.

O mapeamento identificou a localização dos fab labs, sua origem e filiação. São 22 laboratórios concentrados em Instituições de pesquisa acadêmica e 9 em iniciativas independentes. Da totalidade, 29 labs têm impressora3D, 23 têm cortadora a laser, 21 com CNC router, 14 possuem outro tipo de maquinário e 11 terceirizam o serviço de fabricação. Os usos do maquinário estão direcionados para a prototipagem de pequenos objetos por todos os laboratórios, além do uso para a produção de modelos arquitetônicos e componentes por 27 deles. As aplicações são em objetos criados como protótipos para a visualização, simulação e análise, objetos pedagógicos, além de componentes para a construção e modelos artísticos e museológicos. A escala de atuação de mais da metade dos laboratórios se encontra na arquitetura e na produção de objetos, seguido por mobiliário e espaço urbano.

Pretende-se focar um caso de cada país mapeado segundo três critérios: a) exemplificar as duas linhas de ação apresentadas; b) representar a diversidade institucional presente na região (laboratório acadêmico ou independente); c) expressar a diversidade de países da região.

 

DISCUSSÃO

O que se concluiu dos dados avaliados foi que as linhas principais de ação dos laboratórios mapeados estão concentradas em atividades de ensino e pesquisa, produção de objetos arquitetônicos e a confecção de produtos de design complexo, além de metade oferecer cursos e workshops. Grande parte dos laboratórios desenvolve estratégias e produtos diversos de modo paralelo, principalmente em escalas próximas à humana.

Foi possível notar que há "clusters"de labs concentrados principalmente na região sudeste do Brasil, no centro da Argentina, na região metropolitana de Santiago(Chile), Lima (Perú) e Bogotá (Colômbia).

A percepção qualitativa é que há uma curva de crescimento em termos de estratégias de criação e apropriação das tecnologias,  em direção a um ponto de maturação das mesmas, que ainda se encontra, em grande parte dos laboratórios, no uso do maquinário para a reprodução de estratégias já estabelecidas e para o aprimoramento técnico de seu próprio uso. Na relação quantitativa, alguns fab labs ainda estão melhorando e adquirindo equipamentos, além do espraiamento das iniciativas independentes, que tende a crescer com fab labs pequenos adquirindo 3D printers e laser- cutters pequenas para ministrar workshops e permitir o acesso livre de usuários aos seus equipamentos.

A contribuição que se pretende com este artigo, além da apresentação de dados quantitativos e qualitativos, está no mapeamento – capaz de mostrar de forma ampla um quadro de funcionamento dos laboratórios de fabricação digital ativos – e na exposição de alguns estudos de caso –que caracterizam com maior especificidade alguns dos tipos de laboratório na região. Espera-se, a partir desse primeiro registro e análise, ser capaz de 1) oferecer um quadro de análise que possa ser compartilhado e 2) gerar, a partir da análise, instrumentos de pesquisa e conhecimento sobre o estado da arte da fabricação digital na região.


Keywords


Fabricação digital; Fab labs; América do Sul

References


ABRAMS, Janet; HALL, Peter (eds.). Else/where: mapping. New cartographies of networks and territories. Minneapolis: University of Minnesota, 2006.

HERRERA, Pablo. C.; JUARÉZ, Benito. Fabrication Laboratories: Problems and possibilities of implementation in Latin America, 2013. In: Proceedings of the Fab 9 Research Stream. Yokohama, Keiko University SFC. URL: http://www.fablabinternational.org/fab-lab-research/proceedings-from-the-fab-9-research-stream

ROCHA, Altino. Architecture Theory 1960-1980: Emergence of a Computational Perspective. PhD Thesis. Massachusetts Institute of Technology, 2004.

XXX, 2015 (referência omitida).


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