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O Papel da Educação Digital na mudança de Paradigma na Arquitetura Contemporânea: da padronização à customização em massa
Last modified: 2015-08-27
Abstract
Introdução:Uma pesquisa foi realizada entre estudantes da graduação de curso de arquitetura classificados em grupos do início e do meio do curso, com ou sem conhecimento teórico sobre produção customizada em massa. Observou-se que os alunos do segundo semestre são mais flexíveis à adoção de conceitos ligados à produção customizada em massa como a utilização de softwares com plataformas parametrizadas. Alunos em semestres mais avançados são mais resistentes à customização em massa, particularmente entre aqueles estranhos a este conceito.Observou-se também, em outro experimento, no qual havia colaboração e interação entre os alunos do curso de pós-graduação, que as ações de prototipagem e fabricação digitais evoluíram surpreendentemente. Na turma havia 6 em 18 alunos que manifestaram voluntariamente ter conhecimento suficiente para utilizar modeladores tridimensionais. Havia, ainda, 12 em 18 alunos que ao abordarem o tema da aula sobre prototipagem automatizada não manifestaram conhecimento ou domínio em modeladores tridimensionais. O fato de haver mais ou menos alunos com conhecimento e experiência prática sobre a operação de softwares não impediu que todos entendessem com clareza o processo e se sentissem tranquilos para desenvolver a ideia. Houve uma verbalização que tem significado para explicar o ocorrido. "Essa aula teórico e prática ajudou a tirar as bruxas que a gente tinha sobre o processo de fabricação digital". Revisão da literatura:A indústria da construção civil tem se baseado no paradigma da produção em massa de componentes padronizados desde o advento do movimento moderno (Polette et AL, 1995). A revolução industrial tornou arraigado na mente das pessoas a noção de que é vital produzir de forma repetitiva e serial para que qualquer coisa possa ser economicamente viável.A customização em massa segue, entretanto, um caminho diverso deste. Componentes são produzidos para fins específicos, para se tornarem em partes singulares de edifícios únicos. As economias obtidas na automação do processo de fabricação significam que os custos de componentes com características singulares dificilmente são superiores aos custos dos componentes padronizados (Kolarevic, 2003; Franken, 2003; Kieran et AL, 2004; Schodek et al, 2005).A padronização em massa tem se baseado no princípio de “projeto impresso enviado ao canteiro de obras”. Por outro lado, a viabilização econômica da customização em massa em arquitetura é, em grande parte, consequência do conceito de fabricação digital. Neste o processo de produção se baseia no princípio de “arquivo digital enviado para a fábrica”. Isto resulta em uma automatização significativa do processo de fabricação fazendo com que componentes singulares tenham o mesmo custo de componentes padronizados (Kolarevic, 2003; Franken, 2003).Os autores acima citados tem argumentado que estamos presenciando uma mudança de paradigma na arquitetura onde a customização em massa está progressivamente tomando o lugar uma vez ocupado apenas pela produção padronizada.Contudo, nos parece que a customização em massa é um conceito pouco conhecido pela maioria das pessoas, difícil de compreender ou pouco crível. Muito pouco é observado sobre este conceito no ensino de arquitetura. A lógica da padronização em massa é aparentemente difícil de ser substituída. Até que ponto isto é verdade e de que forma isto pode ser superado constitui-se no problema de pesquisa principal relatado neste artigo.Objetivo: O objetivo principal deste artigo é demonstrar até que ponto a experiência de 4 anos de ensino de fabricação digital em curso de arquitetura tem contribuído para que o conceito de customização em massa seja melhor compreendido, aceito e aplicado.
Mostraremos, neste artigo, que o conceito de padronização em massa se encontra firmemente arraigado na mente da maioria das pessoas. Por outro lado, mostraremos que o ensino de arquitetura pode desempenhar um papel significativo na mudança de paradigma se introduzir o conceito de customização em massa de forma integrada aos ateliês de projeto o mais cedo possível nos currículos de graduação e pós-graduação.
Método: Foram aplicados questionários a alunos e professores avaliando a compreensão dos mesmos sobre o conceito de padronização e sobre a viabilidade e credibilidade da customização em massa. A aplicação dos questionários foi acompanhada da apresentação de imagens de artefatos produzidos em série e de outros customizados em massa.
Foram escolhidos objetos comuns, de uso no dia a dia, para facilitar sua identificação, particularmente pelos alunos nas etapas iniciais do curso. Os questionários foram aplicados a alunos de graduação e de pós-graduação os quais se enquadravam nas seguintes categorias: 1. Alunos que nunca foram introduzidos à customização em massa; 2. Alunos que foram introduzidos à customização em massa.
Apenas duas disciplinas em todo o curso de graduação em arquitetura da escola em questão introduzem o conceito e desenvolvem práticas de projeto relacionadas com a customização em massa. Assim sendo, estas duas disciplinas foram utilizadas como fator de categorização dos estudantes participantes desta pesquisa segundo os grupos citado no parágrafo anterior.
O questionário era composto por questões de múltipla escolha de forma a ser rapidamente compreendido, respondido e os seus resultados consolidados. A primeira parte do questionário tinha por objetivo identificar o perfil do entrevistado em termos de formação, conhecimento e experiência. A segunda parte tinha por objetivo verificar, de maneiras diferentes, se o respondente acreditava que a padronização em massa era a única maneira de produzir artefatos de forma economicamente viável ou se a customização em massa também poderia ser uma alternativa também viável. A terceira parte do questionário tinha por objetivo testar até que ponto o respondente possuía uma boa compreensão dos processos de customização em massa e detectar possíveis contradições.
Resultados: Os resultados demonstram que a maior parte dos alunos que não foram introduzidos à customização em massa não acredita ser ela viável. Isto é particularmente observável entre alunos a partir do terceiro semestre. As respostas dos alunos de graduação foram menos consistentes do que dos alunos de pós-graduação.
Por outro lado, alunos de graduação que foram introduzidos à customização em massa têm uma percepção mais promissora sobre a viabilidade da customização em massa.
A motivação e alto confiança dos alunos em adentrar nos processos e ações da fabricação digital e customização em massa estão diretamente relacionados com a exposição ao tema possibilitado pelas práticas do ensino como aulas teóricas, pesquisa e aulas prático-teóricas em laboratório de prototipagem.
Discussão e conclusão: Os alunos de graduação e pós que tiveram mais exposição teórica e prática ao conceito de customização em massa tornaram-se mais convictos da sua viabilidade mostrando que o papel da educação na mudança de paradigma é de grande importância para o conhecimento.
Voltando ao conhecimento da arquitetura parametrizada, o melhor é que seja difundido entre todos para que se estabeleça uma rede de informação típica dos anos que vivemos. As novas formas possibilitadas por meio da arquitetura digital e parametrizada, destinada à fabricação automatizada facilitam a formação de identidades definidas para as cidades, bairros e edificações. Naturalmente para isso deve ser procurada uma diferenciação, talvez consequente da tipologia fabril de cada região ou cidade, que permita a expressão arquitetônica de elementos regionais, elementos materiais e metafóricos. Melhor ainda a união dos dois. A utilização de materiais locais na arquitetura foi muito discutida na história da arquitetura até hoje. Existe uma tendência em projetar e construir edificações com os materiais mais disponíveis na região.É importante a eliminação das barreiras ao conhecimento. Muitas vezes pensam que a diferença do conhecimento, o fato de uma pessoa ter menor conhecimento adquirido, influencia no desenvolvimento do mesmo. Mas tal fato não é verdade, pois o que influência é o desânimo e a desmotivação. O sucesso de um grupo de trabalho contribui para motivação e para o acreditar no mesmo. Pequenos detalhes e discussões compartilhados presencialmente além de somar conteúdo, mesmo que em pequenas partes, atuam como eliminadores de barreiras do desconhecimento. Em grupo de trabalho envolvendo alunos da graduação, pós-graduação e professores de arquitetura e de design, no período de quatro horas, foi possível desenvolver ações de criação de formas até a prototipagem de modelo palpável. Elevou a confiança geral ao ponto de aprendizes darem palpites certos em horas de decisões complexas procedidas pelos operadores de máquina de prototipagem automatizada de subtração. O resultado principal que começou a ser salientado ainda na metade das ações de fabricação digital de modelo, foi a eliminação de barreiras do conhecimento.
Mostraremos, neste artigo, que o conceito de padronização em massa se encontra firmemente arraigado na mente da maioria das pessoas. Por outro lado, mostraremos que o ensino de arquitetura pode desempenhar um papel significativo na mudança de paradigma se introduzir o conceito de customização em massa de forma integrada aos ateliês de projeto o mais cedo possível nos currículos de graduação e pós-graduação.
Método: Foram aplicados questionários a alunos e professores avaliando a compreensão dos mesmos sobre o conceito de padronização e sobre a viabilidade e credibilidade da customização em massa. A aplicação dos questionários foi acompanhada da apresentação de imagens de artefatos produzidos em série e de outros customizados em massa.
Foram escolhidos objetos comuns, de uso no dia a dia, para facilitar sua identificação, particularmente pelos alunos nas etapas iniciais do curso. Os questionários foram aplicados a alunos de graduação e de pós-graduação os quais se enquadravam nas seguintes categorias: 1. Alunos que nunca foram introduzidos à customização em massa; 2. Alunos que foram introduzidos à customização em massa.
Apenas duas disciplinas em todo o curso de graduação em arquitetura da escola em questão introduzem o conceito e desenvolvem práticas de projeto relacionadas com a customização em massa. Assim sendo, estas duas disciplinas foram utilizadas como fator de categorização dos estudantes participantes desta pesquisa segundo os grupos citado no parágrafo anterior.
O questionário era composto por questões de múltipla escolha de forma a ser rapidamente compreendido, respondido e os seus resultados consolidados. A primeira parte do questionário tinha por objetivo identificar o perfil do entrevistado em termos de formação, conhecimento e experiência. A segunda parte tinha por objetivo verificar, de maneiras diferentes, se o respondente acreditava que a padronização em massa era a única maneira de produzir artefatos de forma economicamente viável ou se a customização em massa também poderia ser uma alternativa também viável. A terceira parte do questionário tinha por objetivo testar até que ponto o respondente possuía uma boa compreensão dos processos de customização em massa e detectar possíveis contradições.
Resultados: Os resultados demonstram que a maior parte dos alunos que não foram introduzidos à customização em massa não acredita ser ela viável. Isto é particularmente observável entre alunos a partir do terceiro semestre. As respostas dos alunos de graduação foram menos consistentes do que dos alunos de pós-graduação.
Por outro lado, alunos de graduação que foram introduzidos à customização em massa têm uma percepção mais promissora sobre a viabilidade da customização em massa.
A motivação e alto confiança dos alunos em adentrar nos processos e ações da fabricação digital e customização em massa estão diretamente relacionados com a exposição ao tema possibilitado pelas práticas do ensino como aulas teóricas, pesquisa e aulas prático-teóricas em laboratório de prototipagem.
Discussão e conclusão: Os alunos de graduação e pós que tiveram mais exposição teórica e prática ao conceito de customização em massa tornaram-se mais convictos da sua viabilidade mostrando que o papel da educação na mudança de paradigma é de grande importância para o conhecimento.
Voltando ao conhecimento da arquitetura parametrizada, o melhor é que seja difundido entre todos para que se estabeleça uma rede de informação típica dos anos que vivemos. As novas formas possibilitadas por meio da arquitetura digital e parametrizada, destinada à fabricação automatizada facilitam a formação de identidades definidas para as cidades, bairros e edificações. Naturalmente para isso deve ser procurada uma diferenciação, talvez consequente da tipologia fabril de cada região ou cidade, que permita a expressão arquitetônica de elementos regionais, elementos materiais e metafóricos. Melhor ainda a união dos dois. A utilização de materiais locais na arquitetura foi muito discutida na história da arquitetura até hoje. Existe uma tendência em projetar e construir edificações com os materiais mais disponíveis na região.É importante a eliminação das barreiras ao conhecimento. Muitas vezes pensam que a diferença do conhecimento, o fato de uma pessoa ter menor conhecimento adquirido, influencia no desenvolvimento do mesmo. Mas tal fato não é verdade, pois o que influência é o desânimo e a desmotivação. O sucesso de um grupo de trabalho contribui para motivação e para o acreditar no mesmo. Pequenos detalhes e discussões compartilhados presencialmente além de somar conteúdo, mesmo que em pequenas partes, atuam como eliminadores de barreiras do desconhecimento. Em grupo de trabalho envolvendo alunos da graduação, pós-graduação e professores de arquitetura e de design, no período de quatro horas, foi possível desenvolver ações de criação de formas até a prototipagem de modelo palpável. Elevou a confiança geral ao ponto de aprendizes darem palpites certos em horas de decisões complexas procedidas pelos operadores de máquina de prototipagem automatizada de subtração. O resultado principal que começou a ser salientado ainda na metade das ações de fabricação digital de modelo, foi a eliminação de barreiras do conhecimento.
Keywords
Arquitetura; Fabricação; Educação Digital; Modelagem parametrizada
References
FRANKEN, BERNHARD, 2003. Real as Data, in Branko Kolarevic, Architecture in the Digital Age – Design and Manufacturing, Taylor & Francis, New York, p. 138.
KIERAN, STEPHEN and TIMBERLAKE, JAMES, 2004. Refabricating Architecture, McGraw-Hill, New York, 2004, pp. 131-153.
KOLAREVIC, Branko. 2003. Architecture in the Digital Age – Design and Manufacturing, Taylor & Francis, New York.
POLETTE, DOUG and LANDERS, JACK 1995. Construction Systems, Goodheart-Willcox Company, Inc, Publishers, Illinois, pp. 45-49.
SCHODEK, D.; BECHTHOLD, M.; GRIGGS, K.; KAO, K. M. & STEINBERG, M. 2005. Digital Design and Manufacturing – CAD/CAM Applications in Architecture and Design, John Wiley & Sons, New Jersey, pp. 339-344.
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